sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Na medida em que

Um amigo envia um fragmento de notícia veiculada em um jornal de circulação no litoral paulista, para saber se o emprego de "na medida em que" está de acordo com a norma culta da língua. O fragmento é o seguinte:

"O avanço do álcool como opção energética pode trazer inúmeros benefícios ao Brasil, principalmente no mercado externo, na medida em que o combustível de cana-de-açúcar começar a ser adotado por outros países. O grande desafio, porém, é evitar que áreas utilizadas em outras culturas agrícolas virem um “mar” de canaviais."

A pergunta do amigo é muito interessante, pois esse elemento de ligação é muito frequentemente empregado com a intenção de indicar proporcionalidade, o que não é correto.

No trecho destacado, a ideia que há entre as orações ligadas por esse elemento é a ideia de proporcionalidade, isto é, à proporção que o combustível de cana-de-açúcar começar a ser adotado por outros países, o avanço do álcool como opção energética poderá trazer inúmeros benefícios ao Brasil. Assim, podemos entender que, quanto mais o combustível de cana-de-açúcar for adotado por outros países, tanto maiores serão os benefícios para o Brasil.

Vamos lembrar que “na medida em que” tem valor causal, equivalente a “porque”, que não é o adequado, conforme a norma culta da língua, para estabelecer relação de proporcionalidade. Nesse caso, deveria ser utilizado ali “à medida que”, que daria a ideia pretendida, ou seja, a ideia de proporcionalidade entre as orações.

O correto emprego dos elementos coesivos em uma redação é condição mínima para um texto que pretende uma boa nota em um vestibular.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Vírgula antes da conjunção "e"

Um jornal diário da cidade de São Paulo veiculou a seguinte manchete sobre um dia tumultuado no Aeroporto Internacional de Guarulhos:
Gol cancela 300 voos e milhares lotam aeroportos
Esta manchete proporciona um interessante comentário sobre o uso da vírgula. De acordo com a norma culta da língua, se houver orações ligadas pela conjunção “e”, e os sujeitos dessas orações forem diferentes, é obrigatório utilizar a vírgula antes da conjunção “e”. Portanto, se o sujeito da primeira oração é “Gol”, pois ela “cancela 300 voos”, e o sujeito da segunda oração é “milhares”, pois eles “lotam aeroportos”, a manchete deveria ser, de acordo com a norma culta da língua:
Gol cancela 300 voos, e milhares lotam aeroportos
A atenção a essa regra pode valer um olhar muito simpático do examinador para uma redação em algum vestibular.