sexta-feira, 25 de novembro de 2011

ESQUECER-LEMBRAR-RECORDAR-ADMIRAR

ESQUECER – LEMBRAR - RECORDAR - ADMIRAR
Os verbos “esquecer”, “lembrar”, “recordar” e “admirar” admitem três construções.
O que se comentará a seguir, tomando como exemplo o verbo “esquecer”, vale também para os verbos “lembrar”, “recordar” e “admirar”.
O verbo “esquecer”, quando empregado sem a anexação do pronome “se” (“esquecer-se”), não admite preposicionamento do complemento. Para facilitar a lembrança dessa norma, podemos dizer que “quem esquece esquece alguma coisa ou alguém”.
Ele nunca esqueceu a nossa recomendação.
Ele nunca esqueceu as nossas recomedações.

Caso se empregue tal verbo como verbo pronominal, isto é, anexando-se o “se”, a construção obriga o preposicionamento. Assim, “quem se esquece esquece-se de alguma coisa ou de alguém”.
Ele nunca se esqueceu da nossa recomendação.
Ele nunca se esqueceu das nossas recomendações.

Há ainda uma terceira possibilidade, em que a “coisa” esquecida é o sujeito da oração, e a pessoa é o objeto indireto. Nesse caso, é importante lembrar que a “coisa” esquecida, caso esteja no plural, obrigará a colocação do verbo no plural.
Não lhe esqueceu a nossa recomendação.
Não lhe esqueceram as nossas recomendações.

Outros exemplos:
Lembrei o aniversário.
Lembrei os aniversários.
Lembrei-me do aniversário.
Lembrei-me dos aniversários.
Lembrou-me o aniversário.
Lembraram-me os aniversários.

A CONCESSÃO

A CONCESSÃO
Uma relação sintática muito solicitada nos vestibulares é a relação de concessão, que indica uma quebra de expectativa na frase.
Trata-se da relação indicada pelas conjunções “embora”, “ainda que”, “apesar de que”.
Além dessas conjunções, vale lembrar que também indicam concessão:
“conquanto”, “a despeito de”, “não obstante”.
Observemos o fragmento a seguir, do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis:
“Ao entrar na sala, dei com um rapaz, de costas, mirando o busto de Massinissa, pintado na parede. Vim cauteloso, e não fiz rumor. Não obstante, ouviu-me os passos, e voltou-se depressa. Conheceu-me pelos retratos e correu para mim.”
Neste fragmento, a ideia é de que, “apesar de” eu ter vindo cauteloso, ele ouviu os meus passos e voltou-se depressa.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

ONDE - AONDE

ONDE - AONDE
A respeito de um jogador de futebol, o Jornal da Orla publicou o seguinte comentário de um dirigente: “Ele não continuará mais conosco e isso já está definido há algum tempo. Não sei como ficaria a cabeça dele, para atuar numa decisão. Espero que ele tenha sucesso no prosseguimento de sua carreira, aonde quer que jogue.”

O que o texto possibilita é um comentário sobre o emprego de "aonde", palavra formada pela junção de a + onde. Devemos lembrar que só é correto o emprego de “aonde” quando houver na frase uma palavra que exige o emprego da preposição “a”.
Por exemplo, sabemos que o verbo “ir” exige a preposição “a”: quem vai, vai a algum lugar. Assim, sempre que houver na frase o verbo “ir”, relacionado à palavra “onde”, deve-se empregar a preposição “a”, que formará a contração “aonde”, como no exemplo: “Não sabemos aonde irão os manifestantes.”
Caso não haja na frase uma palavra que exige a preposição “a”, não é correto o emprego de “aonde”. No texto aqui apresentado, há o verbo “jogar”. Quem joga, joga em algum lugar, portanto não há motivo para que se empregue “aonde” nessa situação.
Veja os exemplos a seguir.
“Não sei aonde você quer chegar.” – quem chega, chega a algum lugar
“Os amigos estarão sempre onde estivermos.” – quem está, está em algum lugar
Aonde vão vocês? – perguntou o balconista.” – quem vai, vai a algum lugar

ACERCA DE - A CERCA DE - HÁ CERCA DE

ACERCA DE – A CERCA DE – HÁ CERCA DE

acerca de” significa “sobre”, “a respeito de”: Comentou os dados acerca de um famoso autor.

a cerca de”, expressão em que “cerca de” é uma locução que significa “perto de”, “próximo de”, “junto de”, “aproximadamente”: A cerca de dois quilômetros da casa vimos a capivara. O exército ficou reduzido a cerca de 600 homens. Cerca de duzentos barcos participaram do passeio pela baía.

há cerca de”, expressão formada pela mesma locução anterior ("cerca de"), que significa “perto de”, “próximo de”, “junto de”, “aproximadamente”, agora com a forma verbal “há”, indicando tempo passado: Há cerca de vinte anos venho alertando o pessoal sobre o problema.

SENÃO - SE NÃO

Quanto à grafia de "senão" e "se não", observe-se:

Grafa-se em uma única palavra, quando significa:
“de outro modo”, “do contrário”: Confessa, senão morres. Vá depressa, senão você perde o trem.
“mas”, “mas sim”: Não é homem de escutar calado, senão de reagir.
“a não ser”, “mais do que”: Não vieram senão três passageiros. Ele não se corrigirá senão apanhando.
“mas também”, em correlação com “não só”: Eram não só justos, senão caridosos.
“defeito”, “mancha”: Possuía uma beleza sem senão.

Não ocorrendo qualquer dessas situações, duas serão as palavras, das quais o não conservará todo o seu valor de advérbio de negação, e o se será classificado como conjunção condicional e poderá ser substituído por outra conjunção de igual valor: Se não quiseres, não irei – o que equivale a: Caso não queiras, não irei.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

ESQUECER-SE DE / VERBO VIR

ARTE GEOPOLÍTICA Prêmio de Ang Lee é símbolo de um festival que trata o Oriente como a fonte do mais novo e interessante cinema, sem esquecer, no entanto, das produções que vem de Hollywood
(Legenda da foto de Ang Lee, ganhador do Leão de Ouro, prêmio principal do Festival de Veneza - publicada no jornal O Estado de S.Paulo)
Neste texto, há duas observações a fazer.
A primeira é em relação ao verbo “esquecer”, que vem complementado por “das produções que vem de Hollywood”. Vamos lembrar que o verbo “esquecer”, quando empregado sem a anexação do pronome “se” (“esquecer-se”), não admite preposicionamento do complemento. Para facilitar a lembrança dessa norma, podemos dizer que “quem esquece esquece alguma coisa ou alguém”, e “quem se esquece esquece-se de alguma coisa ou de alguém”. Assim, na passagem acima, o complemento “produções” não deveria ser preposionado, ficando: “..., sem esquecer, no entanto, as produções...”. Também estaria de acordo com a norma culta da língua a construção: “..., sem esquecer-se, no entanto, das produções...”.
A segunda observação diz respeito à forma verbal “vem”. Essa forma verbal refere-se a "produções" (“..., produções que vem...”). Gramaticalmente, sabemos que o sujeito do verbo “vir” é o pronome relativo “que”, que substitui “produções”, nome plural. Por isso, a forma do verbo “vir”, por referir-se à terceira pessoa do plural, deveria ser acentuada graficamente: “vêm”. A passagem destacada, portanto, estaria de acordo com a norma culta desta forma: “..., sem esquecer, no entanto, as produções que vêm de Hollywood”, ou: “..., sem esquecer-se, no entanto, das produções que vêm de Hollywood”.

HOUVE-HOUVERAM

Observe o seguinte texto, publicado no Jornal da Orla:
Durante a Segunda Guerra Mundial, houveram estudos nos soldados que eram candidatos a morrer. Eram feitos espermogramas em 100 homens antes da guerra e o resultado era razoável.
Neste texto, o que merece atenção é a forma verbal “houveram”, empregada na 3a pessoa do plural.
O verbo “haver”, quando empregado no sentido de “existir”, é um verbo impessoal, isto é, não tem sujeito, o que não permite que a forma verbal seja empregada no plural, pois a flexão só é possível, de acordo com a norma culta da língua, quando há um sujeito, com o qual o verbo deverá concordar.
Assim, sempre que o verbo “haver” for empregado no sentido de “existir”, ele deverá estar na 3a pessoal do singular.
Por isso, a forma verbal a ser empregada no texto aqui transcrito deveria ser:
“Durante a Segunda Guerra Mundial, houve estudos nos soldados que eram candidatos a morrer.”

Avisar alguém DE alguma coisa

Observe a seguinte manchete publicada no jornal Folha de S.Paulo:
Lula afirma que já avisou o papa de que TV pública será laica

Comentário

O texto desta manchete, apesar de soar aparentemente “estranho”, está corretíssimo.
Normalmente, a língua falada nos dá a impressão de que a preposição “de” deveria ser omitida neste texto, ou seja: Lula afirma que já avisou o papa que TV pública será laica.
No entanto, o verbo “avisar”, de acordo com o emprego adotado nesta manchete, deve ter dois complementos, um sem preposição e outro com preposição. Trata-se do mecanismo utilizado quando estudamos complementos verbais: avisar alguém DE alguma coisa, ou avisar alguma coisa A alguém.
Neste caso, o autor do texto optou pela forma “avisar alguém (o papa) DE alguma coisa (de que a TV pública será laica)”.
Portanto, a construção aqui apresentada está correta, rigorosamente de acordo com a norma culta da língua.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

MELHOR-MAIS BEM

“Paralelamente às aulas regulares, as escolas melhor classificadas no ranking do Enem têm atividades extracurriculares, laboratórios de redação, aulas de atualidades a partir da leitura de jornais, plantões de dúvidas e um rigoroso sistema de avaliação anual.”
O emprego da forma "melhor", neste trecho, contraria o que a norma culta da língua estabelece.
O adjetivo "classificadas", formado do particípio do verbo "classificar", deve ser antecedido de "mais bem", e não de "melhor", uma vez que o advérbio "mais", nesse caso, refere-se a "bem classificadas", e não apenas a "bem".
Caso não haja o adjetivo formado de um particípio, o advérbio "mais" estará referindo-se apenas a "bem", obrigando a forma "melhor".
Assim, atenção às seguintes construções:
Ele escreve melhor que nós.
Aquelas moças estão mais bem arrumadas que as da nossa turma.
Seu cabelo está mais bem cortado que o meu.
Hoje os internos estão passando melhor do que estavam ontem.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Bastante ou muito?

A aluna Gabriela envia uma pergunta muito interessante, a respeito de uma construção utilizada em uma frase que ela leu em um jornal diário da cidade de São Paulo. Ela diz que achou um pouco "estranha" esta construção: "O setor afirma, não sem razão, que a carga de impostos aqui é bastante mais pesada que no exterior."
A dúvida da Gabriela é quanto ao emprego da palavra "bastante": ela pergunta se "bastante mais pesada" é uma construção correta.
Vamos lembrar que "bastante" significa "o que basta, o que é suficiente". Assim, R$ 1,00, que não é muito dinheiro, é "bastante" para comprar algumas balas de hortelã. Da mesma maneira, R$ 1.000.000,00, que é muito dinheiro, não é "bastante" para comprar um avião a jato.
Podemos dizer, portanto, que o emprego da palavra "bastante", na frase a que a Gabriela se referiu, não é de fato adequado, pois o entendimento seria de que "a carga de impostos aqui é "suficientemente" mais pesada que no exterior". É fácil entender que a intenção do autor da frase era chamar a atenção para o fato de que "a carga de impostos aqui é "muito" mais pesada que no exterior", e não que essa "carga de impostos aqui é "suficientemente" mais pesada que no exterior".
Continuem enviando as suas dúvidas.
Até a próxima.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Esquecer DE alguém?

Um aluno envia um trecho de uma notícia publicada em um jornal diário da cidade de São Paulo: "Esse prêmio trata o Oriente como a fonte do mais novo e interessante cinema, sem esquecer, no entanto, das produções que vêm de Hollywood."
Ele estranhou o emprego da contração "das" ("...sem esquecer, no entanto, das produções"...).
A observação do aluno é muito interessante, pois o verbo "esquecer", quando empregado sem a anexação do pronome “se” (“esquecer", e não "esquecer-se"), não admite complemento preposicionado. Só é correto preposicionar o complemento se o verbo for "esquecer-se". Para facilitar a lembrança dessa norma, podemos dizer que “quem esquece esquece alguma coisa ou alguém”, e “quem se esquece esquece-se de alguma coisa ou de alguém”. Assim, no trecho aqui citado, o complemento “produções” não deveria ser preposionado, ficando: “..., sem esquecer, no entanto, as produções...”. Também estaria de acordo com a norma culta da língua a construção: “..., sem esquecer-se, no entanto, das produções...”.

sábado, 7 de maio de 2011

TODA - TODA A

Um amigo me pergunta sobre a chamada a seguir, de uma agência de turismo em São Paulo:
Resorts no Caribe oferecem diversão para toda a família.
Chamou a atenção desse meu amigo o emprego do artigo “a” antes de “família”: esse emprego está de acordo com a norma culta da língua?
Quanto à correção, a construção está dentro do que estabelece a norma culta da língua.
Porém, o que vale observar nesse caso é o sentido que se realiza com esse emprego.
Quando empregamos o artigo “a” depois de “toda”, a palavra “toda” passa a significar “inteira”. Portanto, dizer “toda a família” significa dizer “a família inteira”.
Já a omissão do “a”, nesse caso, provoca uma mudança de sentido. Se dizemos “toda família”, a palavra “toda” passa a significar “qualquer”. Também nesse caso a construção está de acordo com a norma culta da língua, devendo-se observar que o sentido passa a ser que “os resorts do Caribe oferecem diversão para qualquer família”.
Relembrando:
“Resorts do Caribe oferecem diversão para toda família” significa que os resorts do Caribe oferecem diversão para qualquer família.
“Resorts do Caribe oferecem diversão para toda a família” significa que os resorts do Caribe oferecem diversão para a família inteira, isto é, para todos os seus integrantes.
Continuem enviando suas dúvidas.
Até breve.

terça-feira, 12 de abril de 2011

HOUVE-HOUVERAM

Um amigo diz que estranhou o emprego de uma forma do verbo "haver" em um jornal de uma cidade do litoral de São Paulo. Trata-se da forma "houveram", em que o verbo "haver" tem o sentido de "ocorrer". Ele me manda o trecho com o referido emprego: "Durante a Segunda Guerra Mundial, houveram desentendimentos entre os soldados que eram candidatos a morrer." Vamos lembrar que o verbo “haver”, quando empregado no sentido de “ocorrer”, é um verbo impessoal, isto é, não tem sujeito, o que não permite que a forma verbal seja empregada no plural, pois a flexão só é possível, de acordo com a norma culta da língua, quando há um sujeito plural, com o qual o verbo deverá concordar. Assim, sempre que o verbo “haver” for empregado no sentido de “ocorrer”, ele deverá permanecer na 3a pessoa do singular. Por isso, a forma verbal a ser empregada no texto aqui transcrito deveria ser: “Durante a Segunda Guerra Mundial, houve desentendimentos entre os soldados que eram candidatos a morrer.” Essa mesma regra vale para o verbo "haver" quando empregado no sentido de "existir" e "acontecer".

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Este ou Esse? Isto ou Isso?

Muitos nos perguntam sobre o correto emprego dos pronomes demonstrativos “este(a)(s)”, “esse(a)(s)”, "aquele(a)(s)", “isto”, “isso”, “aquilo”. Para uma boa compreensão do emprego desses demonstrativos, devemos entender que há três situações mais frequentes de uso desses pronomes. A primeira delas é o uso do demonstrativo empregado para a indicação do “lugar” de um “objeto”. Quando o “objeto” está próximo da pessoa que fala, usa-se “este(a)(s)” e “isto”. Assim, o emissor diria, ao referir-se à sua própria camisa: “Esta camisa que estou usando foi presente de minha irmã.” Já para o objeto próximo da pessoa com quem se fala, usa-se “esse(a)(s)” e “isso”. Assim, o emissor, ao referir-se à camisa que está sendo usada por seu interlocutor, diria: “Essa camisa que você está usando é muito parecida com uma que vi na loja.” Vale lembrar que, quando se trata de tempo, o tempo atual é marcado pelos demonstrativos "este(a)(s)" e "isto", como em: "Esta semana (trata-se da semana em que estamos) é decisiva para os nossos negócios." Para um período de tempo que não seja o atual, deve-se usar "esse(a)(s)" ou "isso", como em: "A última semana do mês passado foi muito agitada. Por isso, essa semana (trata-se da última semana do mês passado) será sempre lembrada pelos nossos colegas de trabalho." A segunda situação é o uso do pronome demonstrativo para nos referirmos ao que já foi citado, ou para nos referirmos àquilo que ainda será citado. Para o que será citado, devemos empregar “este(a)(s)” ou “isto”, como na frase a seguir: “Os principais produtos daquela região são estes: banana, mamão e pêssego.” Para o que já foi citado, devemos empregar “esse(a)(s)” ou “isso”, como em: “Banana, mamão e pêssego, esses são os principais produtos daquela região.” A terceira situação é aquela em que mencionamos dois elementos e queremos fazer referência a cada um deles, em separado, na sequência do texto. Para isso, devemos empregar os pronomes “este(a)(s)” e “isto” para nos referirmos ao elemento mais próximo, e os pronomes “aquele(a)(s)” e “aquilo” para o elemento mais distante. Assim, teremos: “Gosto muito de Drummond e de Machado de Assis. Este me encantou desde a primeira vez em que li Dom Casmurro; aquele sempre está presente em minha vida com seus poemas.”, onde “este” refere-se a Machado de Assis e “aquele” refere-se a Drummond. Continuem enviando suas dúvidas. Contamos com a sua participação. Até a próxima!

domingo, 13 de março de 2011

Uma correção

No comentário "Um perigo iminente", corrija-se "inda". O correto é "ainda".

Um perigo iminente

Um amigo acha estranho o emprego de uma palavra em um informe publicitário e pergunta se está correto o emprego da palavra "eminência" naquela passagem.
Vejamos o texto do informe.
"Diante da eminência de uma grave crise, ocasionada pela prevista alteração do clima e por suas consequências desastrosas – como as já vivenciadas enchentes e secas -, a comunidade internacional busca formas de amenizar os efeitos da degradação, acertar as contas com a natureza e garantir o bem-estar das próximas gerações."
Chamou a atenção do amigo a palavra “eminência”, que significa “importância”, "supremacia". Lembremos uma construção em que aparece o adjetivo “eminente”, referindo-se a alguém ilustre, respeitável, muito importante: “O eminente professor recebeu as justas homenagens por seu trabalho exemplar ao longo dos últimos trinta e cinco anos.”
No texto aqui reproduzido, no entanto, a ideia não é de importância, mas de “possibilidade de ocorrência”, o que indicaria o uso de “iminência”, ou seja, “qualidade do que está prestes a acontecer”.
Devemos entender que, nesse caso, “a comunidade internacional busca formas de amenizar os efeitos da degradação, acertar as contas com a natureza e garantir o bem-estar das próximas gerações”, diante da grande possibilidade de ocorrer uma grave crise, diante, portanto, da iminência de uma grave crise.
Vale lembrar inda que, embora a "grave crise" referida no informe seja muito importante, a intenção do autor do texto é chamar a atenção para a "possibilidade de ocorrência", daí a inadequação do emprego de "eminência".
Até a próxima. Aguardamos suas dúvidas.

quarta-feira, 2 de março de 2011

ONDE ou AONDE?

Muitas pessoas têm dúvida quanto ao emprego de "onde" e "aonde". É muito comum observarmos essa dúvida em várias situações.
E quando é que empregamos "onde" e "aonde"?
Vamos utilizar para exemplo o trecho a seguir, publicado em um jornal local de uma cidade do litoral paulista: "Espero que ele tenha sucesso no prosseguimento de sua carreira, aonde quer que jogue.”
A palavra destacada no trecho, "aonde", é formada pela junção de a + onde, isto é, trata-se da contração da preposição "a" com o advérbio "onde". O que devemos lembrar é que só é correto o emprego de “aonde” quando houver na frase uma palavra que exige o emprego da preposição “a”.
Por exemplo, sabemos que o verbo “ir” exige a preposição “a”: quem vai, vai a algum lugar. Assim, sempre que houver na frase o verbo “ir”, relacionado à palavra “onde”, deve-se empregar a preposição “a”, que formará a contração “aonde”, como no exemplo: “Não sabemos aonde irão os manifestantes.”
Caso não haja na frase uma palavra que exige a preposição “a”, não é correto o emprego de “aonde”. No trecho destacado, há o verbo “jogar”. Quem joga, joga em algum lugar, portanto não há motivo para que se empregue “aonde” nessa situação. Portanto, no exemplo escolhido, o correto seria: "Espero que ele tenha sucesso no prosseguimento de sua carreira, onde quer que jogue."
Vejamos os exemplos a seguir.
“Não sei aonde você quer chegar.” – quem chega, chega a algum lugar
“Os amigos estarão sempre onde estivermos.” – quem está, está em algum lugar
Aonde vão vocês? – perguntou o balconista.” – quem vai, vai a algum lugar
Até a próxima dúvida. Estamos aguardando suas sugestões para os nossos comentários.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Vamos trabalhar juntos

Retomamos hoje uma rotina que pretendemos tornar de utilidade para todos, principalmente para aqueles que começam a caminhada final para os vestibulares.
Nosso blog trará comentários sobre formas de expressão, principalmente. Para isso, pedimos que enviem algumas sugestões de dúvidas quanto à correção de textos. Essa prática possibilitará comentários práticos, de grande valia para a produção de textos de cada um.
Começamos hoje com uma frase que apresenta ambiguidade.
Um jornal diário da cidade de São Paulo publicou, no dia 11 de fevereiro passado, a seguinte manchete:
Roberto Carlos vai pedir para deixar o Corinthians hoje
Observemos as duas possibilidades.
1- Roberto Carlos vai PEDIR HOJE para deixar o Corinthians, ou
2- Roberto Carlos vai pedir para DEIXAR O CORINTHIANS HOJE.
Lendo a matéria, e entendendo o contexto em que foi gerada a notícia, sabemos que o jogador pediria NAQUELE DIA a sua rescisão de contrato com o clube.
Dessa forma, a ambiguidade poderia ter sido desfeita com a alteração da ordem em que as palavras figuram na frase:
Hoje, Roberto Carlos vai pedir para deixar o Corinthians.
Aguardamos suas sugestões.
Até a próxima.